O frente a frente com Rosalina deste hoje vai abalar a estrutura do Gerenciamento de Projetos e de toda a galáxia pois temos a honra de receber Mryza Chiavegatto e Janice Firmo. Agradecemos desde já a vocês, o resultado final ficou incrível!
MYRZA VASQUES CHIAVEGATTO, MSc, PMP
Coordenadora da Política de Gestão Estratégica, de Portfólio e Projetos da Prefeitura de Belo Horizonte e gerente de projetos especiais. Ex-secretária Executiva do Comitê Gestor de Tecnologia da Informação e Comunicação (CGTIC) e Coordenadora do Plano Diretor de TI da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Consultora de planejamento com sólida experiência em gestão estratégica, de portfólio e gerenciamento de projetos com mais de 19 anos de experiência.
Responsável pela estruturação do modelo de gestão de promoção do alinhamento estratégico e tecnológico, da otimização de recursos e apoio a tomada de decisões sobre os investimentos em projetos de TIC, em colaboração com as partes envolvidas, Mentora do fluxo de solicitação de demandas orçamentário-financeiras, de tecnologia da informação e de recursos humanos dos órgãos e entidades do poder publico municipal para deliberação pela Câmara de Coordenação Geral da PBH. Definição do processo de seleção, priorização e balanceamento por multicritérios pelo método Analytic Hierarchy Process (AHP). Criação e monitoramento de indicadores de desempenho.
Mestre em Administração Pública pela FJP com ênfase em TI. Certificada PMP® pelo Project Management Institute (PMI) desde 2005. Ex-presidente da Seção PMI Minas Gerais e atual membro do Conselho Consultivo. Graduada em Engenheira Elétrica pela PUC Minas e especialista em Análise de Sistemas pela UFMG.
Empreendedora Pública do Programa Estado para Resultados (EpR) no Governo de Minas, entre 2007-2010, realizando gestão estratégica de projetos sustentadores, implantação de PMOs e coordenação do Núcleo de Gestão Estratégica do EpR.
Atual professora de pós-graduação da disciplina Escritório de Projetos no curso EAD de Gerenciamento de Projetos da PUC Minas Virtual. Fui professora nos cursos presenciais de pós-graduação da PUC Minas, Pitágoras e IBMEC. Em 2009-2010, coordenei, em parceria, o curso de pós em gerência de projetos da PUC Minas Unidades Barreiro e São Gabriel.
Palestrante em diversos eventos em instituições públicas e privadas desde 2001.
Certificada Scrum Master, Product Owner e PMP. Possui cerca de 10 anos de experiência com Scrum e Gerência de Projetos. Atuou como consultora Scrum da Boris Gloger Consulting, na Alemanha e atualmente trabalha como consultora em melhoria de processos e gestão de projetos na SW Quality.
Vamos a isto?!
1 – Conte nos como foi trabalhar no projeto da Copa do Mundo FIFA em Belo Horizonte em 2014? Como foi liderar um projeto de evento de tamanha visibilidade? Ainda mais considerando que o futebol é um esporte (quase) essencialmente masculino. Houve alguma resistência à sua liderança por razões de gênero?
O projeto Copa do Mundo Fifa 2014 em BH contou com uma equipe grande e diversificada em termos de conhecimentos e habilidades, compostas de pessoas de ambos os sexos. A gerência do projeto foi exercida por mais de uma pessoa ao longo da sua execução, e nunca houve resistência a nenhum participante/lider em relação ao gênero. O que importava era a qualificação e competências técnicas. Não fui gerente de projeto propriamente dito, pois atuava no Núcleo de Gestão Estratégica do Programa Estado para Resultados acompanhando estrategicamente as entregas do conjunto de projetos estruturadores do Governo do Estado de MG nas temáticas Redes Cidades e Qualidade Ambiental. Ajudei, entretanto, na elaboração da EAP inicial (Estrutura Analítica de Projetos) da reforma do Estádio Mineirão. Esta visão foi fundamental para permitir o entendimento do que deveria ser feito, os relacionamentos entre os pacotes e as principais entregas do projeto durante as discussões com os gestores, incluindo o Vice-Governador, que acompanhava periodicamente todas as negociações, avanços e problemas do projeto. No segundo mandato, o assunto Copa do Mundo passou a ser tratado por uma Secretaria exclusivamente criada para o tema e eu já não estava mais cedida ao Governo do Estado, pois retornei às minhas origens na Prefeitura de BH para assumir a gestão do Plano Diretor de Tecnologia da Informação Foi um projeto muito bem sucedido, uma vez que o Mineirão foi entregue no prazo e custos orçados, sendo um dos primeiros a ser inaugurado para o evento.
1- Nos fale sobre sua relação com os Métodos Ágeis de Gestão de Projetos. Você se considera uma Agilista Anarquista?
RosaLina, conheci os métodos ágeis em 2005 quando implementava processos em uma multinacional e a mesma nos solicitou o uso de ágeis, foi quando começamos a implementar Scrum na organização. Desde aquela experiência fiquei fascinada pela forma como os métodos ágeis tratam a organização e a gestão de projetos, utilizando o mesmo até hoje.
Não me considero Agilista Anarquista, tanto que na maioria dos projetos que gerencio e dou consultoria, sempre tento conciliar boas práticas do chamado “método tradicional” com o ágil, por exemplo, não acredito que um projeto consiga ser bem gerenciado sem ser medido, análise de indicadores é fundamental para o monitoramento e controle. Uma das coisas que preservo do ágil e não abro mão nos projetos, é a verificação de escopo, minha percepção baseada na experiência que tive com as duas formas de verificação de escopo, é que no ágil a mesma é muito mais efetiva que a do tradicional. Trazer o cliente para o dia a dia, a cada entrega, a cada pedacinho do projeto sendo construído, traz muito benefício que mantê-lo distante e esperando por um “bloco” em um período de tempo mais extenso.
2- Você foi uma das percursoras da Gestão de Portfólio de Projetos no país. Você ainda trabalha com eles? O que mudou nesse contexto, dos primórdios, até hoje?
Ainda trabalho no tema e a cada dia ele avança na PBH. A partir de 2010, à frente da gestão do PDTI (Plano Diretor de Tecnologia da Informação da Prefeitura de Belo Horizonte) 2010-2011, implementei o método AHP (Analytic Hierachy Process) para selecionar e priorizar todos os projetos dos planos setoriais de TIC dos órgãos e entidades da administração direta e indireta da PBH usando planilhas excel para compor o Plano Anual de Investimentos de TIC consolidado e priorizado para inserção e garantia de recursos orçamentários e financeiros na LOA (Lei Orçamentária Anual). Em 2012, coordenei a aquisição de uma ferramenta para realizar a gestão estratégica, no molelo BSC (Balanced Score Card), integrada à gestão de portfólio e projetos para informatizar todo o processo de solicitação de demandas, acompanhamento, seleção e priorização dos projetos para deliberação pelo Comitê Gestor de TIC (CGTIC), composto por secretários de núcleo de governo e outros. Este processo é aplicado anualmente com muito sucesso. Os critérios estabelecidos foram identificados e propostos por um grupo técnico de apoio ao CGTIC e validado pelos secretários membros anualmente. Estamos iniciando a aplicação do método para priorizar por carteiras de projetos específicas, em função de alteração em cenários e mudanças de contextos da administração pública. A gestão de porfólio ainda não é de uso geral na Prefeitura em função do ainda baixo nível de maturidade em gerencia de projetos em alguns órgãos, mas estamos avançando com forte apoio do Secretário Municipal de Planejamento e outros gestores envolvidos.
2- O mundo quer saber! No papel de Leah, você considera o Darth Vader dos projetos (Farhad Abdollahyan) como seu mentor?
Rsss! Nãooooo, apesar de ter uma grande admiração pelo PM Darth Vader(Farhad), mas assim como Leah, cresci longe do pai, quando o conheci já tinha uma formação consolidada, então não posso considerá-lo meu mentor. Claro que agora pego algumas dicas, tiro dúvidas, conversamos, mas é bom não falar muito por que o rei das galáxias, se achará ele.
3- Como você definiria o Gerenciamento de Projetos em sua vida?
Como uma verdadeira benção divina! Gosto tanto do tema, que as pessoas dizem que meu entusiasmo é contagiante. Desde 1996, quando assumi a primeira gerência de planejamento e de projetos da Prodabel, depois de uma avaliação de perfil, reorientei minha carreira para o tema. Em 1998, fomos os primeiros a implementar um Escritórios de Projetos no Setor Público no Brasil, e ainda hoje somos referência no assunto para muitas entidades. Desde 2010 estou cedida à Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Informação e coordeno a implementação da política de gestão estratégica e de projetos do Município de Belo Horizonte, disseminando, capacitando e estimulando o uso da ferramenta Portal da Gestão e das melhores práticas em GP para todas as temáticas e naturezas de projetos na Prefeitura.
Estamos também interoperando a ferramenta com os nossos sistemas orçamentário financeiro e de convênios e contratos, e passaremos a obter a execução financeira dos custos e investimentos dos projetos e as informações relacionadas à contratos e convênios em tempo real, sem necessidade de nova entrada pelos gerentes de projetos e duplicação de informação. Vai ser um salto enorme na gestão de projetos na PBH e acredito que seja, novamente, uma ação pioneira no setor publico brasileiro.
3- Como você definiria o Gerenciamento de Projetos em sua vida?
Defino o Gerenciamento de Projetos em minha vida como o grande divisor de águas de minha carreira. Somente após vivenciar e executar a gestão de projetos, é que enxerguei que estava na profissão que conseguiu me prover a satisfação pessoal e profissional.
Aguardo vocês no próximo “frente a frente com Rosalina” Abraços.
Reflexão: “Se você traçar metas absurdamente altas e falhar, seu fracasso será muito melhor que o sucesso de todos” – James Cameron, cineasta