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Agência de Projetos: Da concepção à avaliação de benefícios
Agência de Projetosda concepção e viabilização à avaliação de resultados, benefícios e valor

frente a frente com Rosalina

FFR7

 

No “frente a frente com Rosalina” desta semana temos duas grandes profissionais do Gerenciamento de Projetos. As queridas   Shirlei Querubina e Ana Paula Probst.

Agradeço desde já a sua presença e a sua participação respondendo as nossas perguntas, revelando o seu potencial e colaborando para formação da consciência profissional das pessoas que pensam em seguir esta carreira.

 

 

Shirlei Querubina nov2015 Shirlei Querubina –  Bacharel em Administração de Empresas pela PUC-MG, MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Atua há 18 anos no mercado de geração de energia, sendo os últimos 10 anos atuando como gestora de projetos e também gestora de contratos. Sócia da empresa Sinergia Engenharia e Consultoria desde 2009. Leciona desde 2012, disciplinas de Gerenciamento de Projetos para cursos diversos no IETEC-MG.

 

 

 

Ana Paula

Ana Paula Probst  Certificada PMP, com MBA em Gerenciamento de Projetos. Formada em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, sócia-proprietária e gerente de projetos da empresa Plathanus Consultoria e Gestão Ltda. Vice-Presidente Adjunta de Eventos do PMI-SC. Especialista em  Projetos de Implantação de ERP’s. (Entreprise Resource Planning).

 

 

 

 

 

Vamos lá?

Shirlei Querubina nov2015

1- Shirlei,compartilhe conosco a sua opinião sobre o mito de que o gerenciamento de projetos serve apenas para as grandes empresas, amadurecidas, burocráticas e totalmente processualizadas.   

Acredito que esse mito tenha origem na vinculação equivocada do Gerenciamento de Projeto aos softwares de elaboração de cronograma e sistemas integrados. Sendo que muito deles, possuem valores de investimento muito distante da realidade das pequenas e médias empresas. Então, se criou o mito: Se não existe software para cronograma ou gestão integrada, não se pode aplicar gerenciamento de projetos.

Muito desse mito se sustenta quando vemos o mercado ofertando curso gerenciamento de projetos, quando na verdade está oferecendo treinamento de software de elaboração e controle de cronograma. Também se fortalece essa visão errônea, quando vemos de maneira consecutiva, apenas grandes empresas como palestrantes em eventos que abordam o gerenciamento de projetos.

Logo, a mensagem que precisa ser mais bem difundida é que o gerenciamento não se limita a controle de cronograma, tampouco a grandes empresas, é um esforço muito mais amplo e agregador, e possível a qualquer projeto, logo, a qualquer tipo de empresa.

 

Ana Paula

1- Ana, conte-nos um pouco sobre a sua ideia de levar o gerenciamento de projetos às crianças do ensino fundamental. Isso parece promissor!

 O projeto social foi concebido depois da participação da Plathanus no XI Seminário do PMI-RS, quando Brian Weiss, vice-presidente do PMI Global apresentou estatísticas atraentes sobre nossa profissão. Segundo ele, estima-se que até 2020 o mundo absorverá em torno de 15 milhões de Gerentes de Projetos e isso movimentará cerca de $320 bilhões de dólares para a economia.

Nossa inquietude natural certamente fez com que não fechássemos os olhos frente esta lacuna e nos motivou a criar o Projeto Social Próxima Geração de Gerentes de Projetos, cujo objetivo é levar as boas práticas para as crianças do ensino fundamental.

A primeira turma aconteceu no período de setembro a dezembro de 2014, e durante estes quatro meses apresentamos às crianças com idade entre 9 e10 anos as boas práticas da gestão de projetos, tendo a oportunidade de trabalhar objetivos, requisitos, cronograma, restrições, prazos, qualidade, tempo, riscos e stakeholders, etc., com base no guia PMBOK. As aulas tiveram todas cunho prático, com aplicação de ferramentas como o painel do PM Canvas, Kanbam; também utilizamos um Tabuleiro Humano para a aplicação dos conceitos, de forma lúdica e divertida.

É importante destacar que proporcionamos aos alunos escolherem qual seria o projeto a ser trabalhado, desde que baseado em um problema coletivo. Desta forma, salientamos a importância de ser “prioritário e estratégico” e, para a turma do 5º ano, propusemos montarem uma árvore de natal, afinal, Papai Noel estava por vir.

Ao longo das atividades, as crianças vivenciaram todas as fases de um projeto, seu ciclo de vida integral, que vai da iniciação ao encerramento. As práticas de gerenciamento de projetos ampliaram suas capacidades de planejar e executar as atividades de forma organizada, fazendo-os perceber que o projeto é algo muito natural e intrínseco ao nosso cotidiano.

Em setembro de 2015 apresentamos nosso projeto no XII Seminário de Gestão de Projetos do PMI-RS, com o artigo Próxima Geração de Gerentes de Projetos: Como a Educação pode Ajudar a Construir Uma Nova Geração de Gerentes de Projetos”, que ficou classificado como terceiro melhor artigo do evento, o que nos foi muito gratificante.

Recentemente a Plathanus lançou o programa PMKIDS, com o objetivo de expandir o projeto “Próxima Geração de Gerentes de Projetos” e viabilizar outras iniciativas para disseminar o conhecimento da área. Já existe uma ação da Plathanus junto a uma federação de levar o projeto para todo o estado de Santa Catarina.

Mais informações sobre o programa estão disponíveis em www.pmkids.com.br e https://www.facebook.com/pm4kids que tem a ideia de despertar o interesse de outras escolas e também de associações e empresários que estejam interessados em apoiar o programa.

 

Shirlei Querubina nov2015

  2- Você é uma das maiores incentivadora do reuso do conhecimento nas empresas. Fale-nos sobre o retorno da gestão do conhecimento para as empresas, principalmente as pequenas e médias

Conhecimento é estar um passo a frente, sempre. Na competitividade que vivemos hoje e na condição que todo projeto deveria já deveria estar pronto, a estratégia a ser adotada, e que particularmente percebo que é negligenciada, é a aplicação do conhecimento de maneira contínua, e que vai muito além de premiação e banco de dados.

Podemos citar como alguns possíveis retornos para as empresas: a otimização de processos administrativos e fabris, incremento na capacidade de negociação, adequações estratégicas na gestão dos negócios e dos projetos, e aprimoramento continuo da equipe.

Hoje o que observamos, é que estão às empresas que avançando no mercado, já compreenderam e aplicam a gestão do conhecimento conjugada com ambiente criativo, ou seja, aplicam o conhecimento de maneira dinâmica.

 

Ana Paula

 

2-  Sei que você está coordenando a montagem de um MBA de Projetos inovador: um projeto pedagógico diferenciado e executado em ambiente que foge do tradicional além de um conteúdo baseado integralmente em métodos híbridos e com associação direta com a prática. Como foi concebida essa ideia? Como você  está operacionalizando?  

O modelo tradicional de ensino sempre me incomodou muito. Prova disso foi ter matriculado minha filha, desde os três anos de idade, em um colégio Montessori. Pelas minhas experiências como aluna eu nunca identifiquei no modelo tradicional a melhor forma de aprender. Minha dificuldade fazia com que eu encontrasse métodos alternativos para assimilar o conteúdo que era repassado. Unindo essa minha característica com a experiência do projeto social, ainda muito recente e viva, aonde levamos o conhecimento por métodos realmente práticos para as crianças, percebi que isso era possível também com adultos, ou seja, por que não levar para a sala de aula facilitadores que explorem na prática as competências de cada aluno? Para tornar o projeto realidade procuramos parceiros, e é aqui que a faculdade Cesusc se encaixa — topou prontamente o desafio. O passo seguinte foi desenhar um projeto pedagógico diferente e capaz de oferecer ao aluno conhecimento sistêmico correspondente ao “estado-da-arte” em gerenciamento de projetos e, sobretudo, ferramentas práticas que lhes permitam aplicar as técnicas e os métodos de gestão de projetos ao dia a dia profissional e pessoal.

Mas o maior desafio ainda estava por vir: unir os maiores nomes de gerenciamento de projetos como parte não só do corpo docente do MBA, senão como parte deste projeto desafiador. Era preciso iniciar os contatos, as coisas estavam indefinidas. Passei três dias olhando para o celular antes de fazer a ligação que mudaria minha perspectiva. Quando tomei a liberdade de apresentar ao professor Finocchio este projeto não tínhamos qualquer intimidade. Lembro-me claramente de que caminhava de um lado para o outro enquanto “vendia” a ideia, por telefone, sob uma tensão que comumente não me afetaria. Mas estava ali minha grande oportunidade e extraordinariamente solícito ele me disse: “Ana, sua ideia é muito boa”. Confesso que um sorriso rompeu nos meus lábios, e eu relaxei. A partir de então, não tive dúvidas que o nosso objetivo, que era viabilizar o MBA Gestão Inovadora de Projetos, estaria atingido.

Junto com a proposta de amalgamar disciplinas, oferecer uma proposta realmente diferente, buscamos também desconectar o curso do ambiente tradicional de ensino. A Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), onde o curso será protagonizado, é um Centro de Inovação, localizada em Florianópolis, e neste local não existe espaço que não recenda inovação e criatividade.

O MBA Gestão Inovadora de Projetos iniciará em março de 2016. O site para matrículas é: www.cesusc.edu.br e em breve já estará disponível.

 

Shirlei Querubina nov2015

 

3- Agora vou tocar no seu ponto forte: Você atua no segmento de projetos de Engenharia – lida e lidera homens na sua vida profissional. Como é essa coisa do empoderamento do feminino nas atividades profissionais que antes eram restritas ao mundo masculino?

O empoderamento é diário, continuo e fluído, na medida em que as mulheres vão se conscientizando que o seu lugar é onde ela quiser e esteja capacitada para estar. Para se trilhar esse caminho, é necessário um esforço contínuo de afastar da atuação profissional e dos resultados obtidos, a objetificação da mulher, a desigualdade salarial, inferiorizarão da capacidade intelectual, resistência na indicação a cargo de liderança, e a discriminação da maternidade, que são alguns problemas/dificuldades que são encontradas. Os dados estatísticos que comprovam as disparidades estão disponíveis em formatos e fontes diversas, como IBGE e grandes jornais, bastando à consulta.

Por outro lado, não sinalizar que mudanças estão ocorrendo é um erro. Elas estão acontecendo sim, mas em velocidade, e algumas vezes em qualidade, muito menor que a ascensão da mulher ao mercado e sua representatividade no contexto familiar.

 

Ana Paula

3- Ana, bem se vê que você é uma profissional diferente! Em tempos de crise, quando todos estão se contendo e esperando a tempestade passar, você se lançou no mundo empresarial, investindo em ideias empreendedoras e contabilizando resultados muito positivos. Conte-nos qual é a sua receita para o sucesso?

Rosalina, no meu caso a receita foi saber lidar com a adversidade quando preciso. Em 2014 eu e Pascoal fomos desligados no mesmo dia da empresa em que trabalhávamos, e na ocasião podíamos dizer que estávamos com uma mão na frente e a outra atrás. Vinte quatro horas de angústia foram suficientes para entendermos que aquele não era o caminho.  Enxugamos as lágrimas e colocamos em um painel do PM Canvas o que gostaríamos de fazer, o modo como fazer, e assim surgiu o Projeto Plathanus Consultoria e Gestão.

A primeira meta era fechar um contrato, um único que fosse, para garantir o pagamento dos custos fixos. Não tínhamos reservas. Tínhamos uma única coisa: a certeza de não poder errar. Foi quando recebi uma ligação de um ex-cliente perguntando se eu gostaria de trabalhar na sua empresa. Marcamos uma reunião. Chegando lá ele reforçou o convite; respondi estar muito grata e feliz. Expus-lhe minha admiração pela corporação; reforcei meu desejo de empreender, disse que havendo oportunidade ele seria meu primeiro cliente. “Qual sua proposta?”, ele disse olhando no fundo dos meus olhos.

E mais uma vez aprendi com a vida aquilo que os livros não ensinam, ele disse: “Ana, você não me deve fidelidade, porque te conheço e tenho certeza de que a Plathanus vai despontar. Você me deve lealdade!” Esta foi uma das coisas mais tocantes que já ouvi no mundo corporativo, que guardo comigo.

A partir daí não mais paramos de caminhar. Complementar ao nosso projeto social, MBA e nossa plataforma All Think (ferramenta de integração entre empresas, alunos e academias) que será lançada em breve, ganhamos confiança, estruturamos e alavancamos nossos negócios. Atualmente a Plathanus, com quase dois anos de vida, oferece serviços de consultoria, outsourcing em gestão de projetos e Governança em TI. Temos também um portfólio de treinamentos bastante variado, seja com recurso próprio, seja com de parceiros que fizemos ao longo da nossa trajetória.

Sabemos que o caminho é duro, mas o principal é reinventar-se, pois é daí que surgem as mais brilhantes possibilidades.

 

 

 

 

 

 

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