Maria Angélica Castellani. Formada em Computação Científica pela Universidade Nacional de La Plata, Argentina, com MBA em Gerenciamento de Projetos e MBA em Negócios Internacionais, ambas pela FGV. Possui as certificações PMP pelo PMI e CSM e CSD pela Scrum Alliance. Especialista em Change Management e em Gestão Estratégica do Conhecimento. Atua há mais de 20 anos em gerenciamento de projetos, melhoria de processos e implantação de PMO. É sócia diretora da empresa FIXE Consulting & Training desde 1999. Palestrante nacional e internacional (Mercosul). Professora de Gestão de Projetos em várias Instituições. Gerente Voluntária do Programa da Revista Eletrônica do PMI-SP (e-news), desde 2008. Co-autora do Livro Gestão de Projetos: Teoria, Prática e Tendências da Editora Elsevier, publicado em 2014.
Jaqueline Ferrari. Administradora de Empresas com MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getulio Vargas e Certificação PMP. Sócia-diretora da Estratégia Consultoria. Diretora de Projetos Estratégicos na XBL Consultoria e Treinamentos, Consultora e Palestrante. Professora de diversos MBA’s em Gerenciamento de Projetos e Professora Executiva da Pós ADM da Fundação Getúlio Vargas.
É com imenso prazer que hoje o “frente a frente com Rosalina” recebe duas grandes profissionais do Gerenciamento de Projetos. Desde já agradecemos por terem disponibilizado um tempo para responder nossas perguntas, vocês foram incríveis!
Vamos começar?
Quando se fala em “propagar conhecimento” através da internet é impossível não pensar em Maria Angélica Castellani. São anos fazendo história no Gerenciamento de Projeto. Conte-nos: o que te motivou a priorizar os webinars gratuitos e democratizar o conhecimento para tanta gente?
Eu comecei fazendo webinars em 2010, aproximadamente. Não os fazia diretamente, mas participava nos bastidores, aportando ideias. O foco deles estava nos conceitos ágeis, pois a FIXE representava no Brasil uma empresa que ministrava treinamentos da Scrum Alliance. Embora esta atividade foi se perdendo, sempre fiquei com a vontade de fazer novamente, mas direcionados para a Gestão de Projetos, Processos e Pessoas, ou seja temas relacionados com a minha experiência profissional. No início de 2014 este projeto foi retomado e continuamos até hoje.
Levo a docência na veia, desde criança já ensinava aos meus amiguinhos e primos. Todo o que eu sabia buscava transmitir de alguma forma, para ajudar, para os outros crescerem, porque me dava prazer, me fazia feliz ver como aprendiam e porque me sentia realizada. Considero isso como missão de vida.
Então, penso que com os webinars consegui juntar as duas coisas, é como materializar dois sonhos em um só.
Atualmente os webinars da FIXE são muito conhecidos e reconhecidos, estamos crescendo gradualmente em audiência, as pessoas se tornaram fãs destes eventos, nos acompanham periodicamente e isso é uma grande satisfação.
A maioria dos Gerentes de Projetos são homens. Você já chegou sofrer algum tipo de preconceito durante a sua trajetória profissional?
Não, nunca sofri preconceito. Em meu caso o fato de ser mulher só me ajudou. Eu acredito que muitas vezes precisamos ser firmes e “duronas”, mas não para competir com os homens e sim para desempenhar nosso trabalho de forma efetiva.
Homens ou mulheres precisam saber quando o “puxão de orelha” é necessário e em qualquer profissão é preciso manter uma postura profissional onde sua imagem demonstre credibilidade. É um pouco como a maternidade … Educamos e inspiramos nossos filhos com bons exemplos, ética, transparência e amor, mas devemos ser firmes quando necessário, não é mesmo?!
Os temas e a forma dos seus cursos são diferentes, lúdicos e bem didáticos. Eles fogem à regra dos demais. Onde você busca inspiração quando os concebe?
Sempre gostei de fazer coisas diferentes, de inovar, sair da caixa, não gosto de rotina em absoluto e por isso tudo o que eu faço passa por renovação periódica. Não gosto de fazer sempre o mesmo, como também, não gosto de copiar o que os outros fazem. Tenho como premissa fazer sempre coisas diferentes do que todo mundo faz. Isso me levou a buscar novas formas de ensino, fui testando algumas alternativas, até que cheguei ao modelo de cursos atuais. Tanto eu como os que participam aprendemos, nos divertimos e saímos energizados. O tempo passa sem ser percebido, mas o conhecimento adquirido é assimilado de uma forma mais forte, mais profunda e não é esquecido facilmente.
Você é muito ligada na expansão do Gerenciamento de Projetos no Brasil. Você percebe diferenças regionais na consideração da importância e na aplicação profissional do Gerenciamento de Projetos entre os estados?
Eu vejo o gerenciamento de projetos se expandindo por todas as regiões (ainda tem muito a expandir) e ao mesmo tempo já percebo uma “onda” de aplicações diferenciadas que eu chamo de “variações do tema”.
Vejo de forma muito positiva que os profissionais da área estão cada vez mais mostrando as possibilidades de aplicação das melhores práticas de forma criativa, utilizando recursos didáticos bem interessantes e principalmente mostrando que o Gerenciamento de Projetos não é uma “metodologia engessada e burocrática”.
Tenho atuado em várias regiões do país e em nichos totalmente diferentes (governo, TI, agronegócio, Ong’s) e tenho percebido que muitas vezes aplicamos as melhores práticas, as ferramentas e técnicas e os conceitos sem necessariamente implementar escritórios de projetos ou “oficializar” o gerenciamento de projetos nas organizações.
O gerenciamento de projetos está lá … aprimorando o planejamento em todos os níveis, orientando as decisões de investimento de recursos nos projetos que trarão mais resultados, definindo resultados estruturados e indicadores de desempenho que irão determinar o foco da execução, pautando o monitoramento e controle e principalmente avaliando e aprendendo com os resultados alcançados.
Acredito muito no gerenciamento de projetos “fácil”, sem “mimimi”, sendo utilizado de forma prática, colaborando para que as organizações se organizem no sentido de enxergar “o todo” e alcançar resultados otimizando seus recursos e minimizando os riscos. Um gerenciamento de projetos “sem enrolação”, com menos “show” e mais resultados.
Através de minha atuação como voluntária junto ao PMI vejo essa expansão acontecer de forma motivadora, levando o gerenciamento de projetos para todos os cantos do Brasil e colaborando de forma positiva para o desenvolvimento de nossas organizações e consequentemente do nosso país.
Como você definiria o Gerenciamento de Projetos em sua vida?
Também, assim como as outras características minhas que comentei, gosto de método, sempre fui auto motivada para aprender como fazer melhor. Comecei a minha carreira em sistemas, em áreas de desenvolvimento de software, implantação e relacionamento com clientes. Pensar em sistemas e não relacionar com gestão de projetos é realmente impossível hoje, seja o método que for. Portanto, sempre desenvolvi projetos, definindo métodos de implantação, de atendimento a clientes, fazendo, errando e corrigindo em um ciclo contínuo. Quando soube que existiam frameworks para a gestão de projetos, me apaixonei, tanto do PMI como da Scrum Alliance.
Novamente aqui, juntei desejos ou sonhos e necessidades, que foram me levando para onde estou atuando profissionalmente neste momento. Ou seja, a gestão formal de projetos veio para fechar uma busca constante dentro da minha profissão.
Como conclusão, penso que a gestão de projetos é um estilo de vida, você aprende a gerar resultados de uma forma mais eficiente, mais estruturada, seja na vida pessoal ou profissional. E obviamente que isso gera uma alta satisfação pessoal, uma sensação que fez o certo da forma certa, e que incidirá na sua realização profissional. Recomendo para qualquer profissional incluir este conhecimento em suas expectativas de carreira.
Como você definiria o Gerenciamento de Projetos em sua vida?
Eu posso definir minha vida em AGP E DGP (antes e depois do gerenciamento de projetos) rs.
Comecei a atuar com projetos mesmo antes de saber que isso existia… desde muito cedo eu trabalhava com organizações sem fins lucrativos (o que mais tarde se tornaria uma área de especialização) e dentro dessas organizações os projetos acontecem o tempo todo. Então nós trabalhávamos de forma empírica com projetos. E foi nessa época que eu conheci o gerenciamento de projetos através de um curso básico de 35 horas. Foi amor à primeira vista. Quando terminou o curso eu disse: “é isso que eu quero prá mim”!!
E a partir daí não parei mais… Fiz minhas especializações e certificações na área, fui Diretora de Marketing do PMI e hoje ministro aulas, palestras, treinamentos e consultoria em Gerenciamento de Projetos por todo Brasil.
Concluindo, para mim o gerenciamento de projetos não é apenas uma profissão. Costumo dizer que ser gerente de projetos é um estilo de vida.
Defendo que o gerente precisa ser “integral”, ou seja, estar em equilíbrio em todas as áreas da vida – profissional, pessoal e familiar. Precisamos ser competentes nos conhecimentos, ferramentas e técnicas, mas na verdade somos líderes e como tal precisamos inspirar as pessoas e antes de liderar os outros é preciso liderar a nós mesmos. E nesse sentido o gerenciamento de projetos vai muito além das paredes organizacionais. Somos Gerentes de Projetos, somos gerentes de pessoas, somos gerentes de nossas próprias vidas. E é isso que nos faz gerentes e líderes “integrais” e felizes com nossa profissão.
Até a próxima! Um ótimo final de semana a todos!