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BICIGRINO EM SANTIAGO: RESPOSTAS À PEDRO #2

Continuam as respostas dadas ao Pedro, interessado em ‘bicigrinagem’ no fórum do grupo dos amigos de Santiago:

6) O que mais te deu trabalho em termos de ajuste / reparo da bicicleta? O que vistes, neste sentido, acontecendo com os outros ciclistas?

RESPOSTA: Fui num período de muito frio e chuva. Peguei muita lama, barro e gelo. Isso inviabilizou muitos trechos do caminho pela trilha e me levou a optar por algumas estradas. Pode parecer mentira mas não tive sequer que encher os pneus da Babieca durante todo o percurso. O ar do posto de gasolina que encheu os pneus em SJPP na frança foram esvaziados em Santiago quando desmontei a byke para a volta. Nada quebrou, nenhum pneu furou. Nada aconteceu com ela. Porém, ela foi tratada com todo o carinho. Alguns hospitaleiros brincavam com a minha relação com a Byke ( o Acácio, de Villoria de Rioja, teve que ouvir a estória da Babieca em detalhes). Sempre que eu chegava num albergue, tomava meu banho, lavava as roupas (quando dava) e saia para cuidar da byke. Limpei todos os dias os cabos de câmbio e freio, tirava excesso de lama, lubrificava a corrente, etc. Ou seja, pelo
menos uma hora por dia, cuidando da manutenção preventiva dela. Os ciclistas europeus ficava abismados com tamanho carinho. Eles não estão acostumados, simplesmente usam a byke, se quebrar, mandam consertar.

7) Tendo em vista a prioridade dada aos caminhantes em boa parte dos albergues, usar bicicleta não acabaria sendo uma desvantagem? Como se resolve, via de regra, a questão de guardas das bicicletas quando das paradas em albergues?

RESPOSTA: Provavelmente por causa do período que fui, não havia tanta gente assim fazendo o caminho. Em nenhum albergue que eu cheguei faltou lugar para mim, ou eu deixei de ser considerado, por estar de byke. O tratamento foi absolutamente igual. Ma maior parte dos albergues as bykes ficam estacionadas naqueles canos que prendem rodas. Eu tinha um cadeado pequeno
que dava para prender só a roda. Mas em outros albergues, nem isso. O fato é que a byke muitas vezes ficou sozinha, sem estar presa, e para fora da casa. Não tive, ou fiquei sabendo, de qualquer problema com roubos ou coisa assim. Isso também na hora de entrar num bar para tomar um café, comer ou ir ao banheiro. A byke sempre ficou do lado de fora, com os alforges sem qualquer problema. Por via das dúvidas, leve um cadeado. Mas isso não é problema prioritário para ninguém.

8) Estivestes em albergues públicos e privados? Mais nos públicos ou nos privados? Sentistes que os peregrinos de bicicleta tinham alguma diferença de tratamento em termos de acolhida aos peregrinos que usavam bicicletas?

RESPOSTA: São 3 tipos de albergues: municipais (públicos), monásticos e privados. Tive experiência nos 3 tipos e te digo que não há uma regra geral. Os municipais são geralmente maiores, abrigam mais pessoas e têm estrutura adequada (aquecimento, chuveiro quente, maquina de lavar e secar, maquina de café e de snacks, etc) para atender a grande demanda de gente. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, pois acabam ficando muito impessoais. Os monásticos são mais espartanos em termos de estrutura, mas são mais representativos em termos de história – Ficar no mosteiro de Samos foi o máximo, apesar do frio! Os privados são geralmente menores, alguns tem mais
estrutura e outros menos, geralmente oferecem o jantar dentro do albergue (nos outros você terá que sair para jantar, ou comprar algo para preparar e comer na cozinha do Albergue, se tiver!). Geralmente são mais pessoais, ou seja, você interage mais com o hospitaleiro e com os demais peregrinos daquela noite. Regra geral não há, tem albergue público e privado que são bons e ruins. Sobre o tratamento a ciclistas, conforme disse acima, não senti nem um pontinho de diferença em nenhum tipo de albergue.

9) Qual o ponto mais positivo da tua experiência de fazer o caminho de bicicleta? E o mais negativo? Pensas em fazer novamente o caminho? Em caso afirmativo, farias novamente de bicicleta ou optarias por fazê-lo a pé? Por que?

RESPOSTA: Vou te dar uma única resposta, pessoal, para as duas perguntas acima. O ponto ruim de fazer de byke é que passa rápido demais (já estava com saudade com cheguei ao Monte do Gozo a 3 KM de Santiago), e o fato de eu ter optado por fazer parte dos trechos pelas estradas por questões de segurança, risco e viabilidade do piso – isso reduz um pouco o ‘clima’ do caminho.

Além do mais, acho que o preparo físico do ciclista tem que ser maior. É bem mais difícil fazer uma trilha com piso de pedras e lama de byke, exige mais força e condicionamento. Não empurrei a byke em nenhum momento, mas cheguei a pedalar em velocidade de peregrino andando algumas vezes. Você vê muita gente mais velha fazendo o caminho a pé. Por outro lado, fazendo o caminho
de byke, geralmente você vê gente bem mais jovem e sarada, infelizmente alguns deles desprovidos ‘do clima’ que o caminho oferece. Lembre-se que o caminho é um fim em si mesmo. O importante não é chegar a Santiago, mas peregrinar pelo caminho a Santiago, com a companhia de São Tiago.

Portanto, ainda que eu esteja muito feliz com a minha ‘bicigrinação’ afinal, eu fui sem compromisso com tempo ou com performance, se eu fizer novamente, pretendo fazer a pé, seguindo integralmente o caminho pelas trilhas. De byke, com alforge e sem carro de apoio, fazer todo o caminho pela trilha me parece quase impossível para um ciclista amador como eu.

Mais de babieca na trilha

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